sábado, 28 de janeiro de 2017

Liverpool - Benfica: a viagem que mudou tudo.

Sábado - O Benfica joga na Amadora

O Benfica vai à Amadora. O Benfica não joga grande coisa, mas o árbitro ainda consegue estar pior! O Benfica marca na última, um golo do Rato Piccoli e pôs os seus adeptos a vibrar e a sonhar com Liverpool. Por falar em Liverpool, já ninguém fala de outra coisa. Quem vai, está ansioso, quem não vai lamenta-se.

Domingo

É o chamado dia de descanso. A ansiedade vai tomando conta de quem vai a Anfield Road.

Segunda feira

Véspera da viagem! O estomâgo aperta tal é a ansiedade. À noite eu, a R. e o R. fomos às compras abastecer as geleiras para a viagem mais aguardada dos últimos três meses.

Terça Feira

Acordei eram 8h da manhã. Às 8h45 estava à porta de casa da R., para seguirmos para a Luz onde apanharíamos o R. e a C. A pulga estava por lá para nos desejar boa viagem. Arrancamos e assim que passamos a ponte, um homem tinha-se atirado do 1º viaduto do Pragal. Começava bem a viagem! Paramos na área de serviço em Palmela para tomarmos a dose de cafeína necessária para enfrentar a viagem, e à posteriori seguimos para Palmela onde nos encontraria o carro dos GM, do GS e seus amigos, bem como o carro do dR. F.
Já todos juntos rumamos rumo a sul, onde na área de serviço de Olhão encontramos o carro do RH que se dirigia para Málaga, comemos qualquer coisa e arrancamos rumo a Granada. Passada a fronteira surge o primeiro problema. O meu carro estava avariado, a embraiagem tinha dado o berro e tinhamos duas soluções. Chamar o reboque e voltar para trás (impensável) ou chamar o reboque e solicitar a assistência em viagem até Granada. Obviamente escolhemos a segunda hipótese, pois no regresso as pessoas do meu carro seriam distribuídas pelos lugares disponíveis nos restantes. Após convivio ao som de Benfica Mix à beira da Autoestrada enquanto o Taxi não chegava, eis que chegou quem chamámos de salvador. O Cláudio, condutor do Taxi que nos levou até Granada, percurso durante o qual esvaziámos umas quantas garrafinhas de bebidas alcoólicas.
Chegados a Granada, o caos... O voo tinha sido cancelado devido a greve dos controladores aéreos franceses e a única opção que nos davam era ir para sevilha para apanharmos um avião que nos permitiria chegar à meia hora de jogo. Fora de questão, eis que arrancámos para Málaga, excepto o R. que acabou por voltar para trás. (Em Granada já se encontrava o Y. que optou por voltar igualmente a Lisboa)

Quarta Feira - O dia do Jogo!

Chegámos a Málaga já depois da meia noite. As hipóteses de ir para Liverpool são caríssimas. Os GM já se safaram e vão directos para Liverpool, e todos os cenários são negros. No carro do GS, ele, a M. o K e o R (outro que não o do meu carro) marcam a sua viagem de madrugada na net, os restantes aguardam pela manhã. Pelas 8 horas da manhã abre o balcão da Easy Jet. Coloco todas as hipóteses, até não ir, apesar de não ter boleia para regressar enquanto o pessoal que ia a Liverpool não regressasse. Lá acabo por marcar viagem, tal como a C. e o Tobi. Já estamos quase todos, excepto a P. a R., o MS e o dR. F. Acabo por lhes dizer que normalmente os últimos a safarem-se obtêm a melhor viagem, e assim aconteceu. Pelas 10 da manhã, já todos os que tinham ido a Málaga tinham viagem assegurada.
Embarcamos e seguimos para Londres (eu, o GS, a M, o R, o K, a C e o Tobi) onde alugamos um carro para seguir para Liverpool onde encontraríamos os restantes camaradas. O carro do dR. F tinha voo para Manchester.
Chegamos a Liverpool apenas a uma hora do jogo, mas na terra dos Beatles, tudo foi perfeito! Que vitória, que apoio, foi algo de verdadeiramente épico. Algo que fez valer a pena tudo aquilo por que passei!
Termina a partida e vamos à procura de um local para dormir (os 7 do meu carro "britânico"), em Liverpool. Passado algum tempo de procura reparamos que nada havia e decidimos arrepiar caminho e começar a andar rumo a Londres e procurar hotel nas áreas de serviço.

Quinta Feira 

São quase 3 da manhã, estamos perto de Birmingham e finalmente encontrámos um local onde dormir. Vão ser poucas horas mas vão saber que nem mel! Às 12h estamos a sair de Birmingham rumo a Londres para apanhar o avião em Stansted, pelas 16h35. A viagem corre bem até aos arredores do aeroporto. Autoestrada parada, e problemas na entrega do carro alugado, só nos permitem fazer o check-in em cima da hora. Quando parece que tudo se resolve, eis que distracções várias, e uma fila monumental no controle de segurança (para um aeroporto inteiro, havia apenas 2 máquinas de Raio X a funcionar) fazem-nos perder o avião. Lá tivemos que pagar uma multa, para ter direito a viagem no dia seguinte para málaga, viagem essa que partia de outro aeroporto londrino (lá tratámos de alugar mais um carro). Ficámos num Irish Pub do aeroporto de Stansted até às 21h00, hora à qual seguimos para Gatwick. Nessa altura reparamos que no dia a seguir, estaremos 11 pessoas em Málaga e apenas 2 carros disponíveis! A saga ia continuar.

Sexta Feira

Já no aeroporto, encontramos o MS, dR.F, P e a R. Ficam parvos quando nos vêm, e só se riem quando lhes contamos o que aconteceu. Entretanto o Tobi repara que tinha uma garrafa de vinho do porto na mochila. Ficou a festa feita. Mais tarde ainda fechámos a pestana, e à hora de embarque eramos dos primeiros junto à porta!
A viagem de avião fez-se bem, tive das melhores aterragens que me lembro e ainda consegui dormir no avião (coisa rara...)
O voo que trazia os restantes 4 magnificos chegou à mesma hora que nós. A partir daí começamos a arranjar maneira de tentar por todos em Lisboa. Após árdua pesquisa, lá descobrimos que a melhor maneira e mais económica seria alugar um carro, que não estava disponível no aeroporto, e teríamos de ir até ao centro da cidade. Chegados ao carro do K, que me ia dar boleia até ao centro da cidade, não pegava. Tinham ficado sem bateria porque se esqueceram de uma luz acesa. Passado 2 ou 3 horas, eis que estou finalmente de carro na mão, o carro do K, com o R, a M e o GS já seguiu para Lisboa, e passo pelo aeroporto para apanhar quem ia no meu carro. A C. já tinha ido comigo, e faltava apanhar o Tobi. No outro carro seguia o MS, dR.F, P e a R. Finalmente arrancávamos rumo a Lisboa, mas ainda não tinha acabado. Ao longo da autoestrada, tudo corria bem, até que de repente estávamos perdidos no centro de Sevilha. Após 1038319 perguntas a espanhóis, lá houve algum que nos explicou bem como sair dali e apanhar a autoestrada desejada. Já passava das 22h quando entrámos em Portugal. Aquela placa foi tão desejada.... Paramos na área de serviço de Olhão para comer, era a última paragem!

Sábado

Já passava da meia noite quando saio da A2 para o Seixal, onde deixo a C. e o Tobi, e sigo para o aeroporto de Lisboa onde tenho de entregar o carro. Estaciono o carro já no parque respectivo, mas não há ninguem para verificar que tudo está OK.
Volto para casa, com o mesmo carro, vou dormir.
Às 13h, lá estava eu finalmente a entregar o carro e receber o OK.
A odisseia a Liverpool estava oficialmente terminada!

Para nunca mais esquecer!

Obrigado a todos! Sobretudo os 10 Mágnificos (GS, M, dR.F, P, R, C, R, K, Tobi e MS - eu era o 11º)!

Voltaria a fazer tudo igual!

sábado, 21 de janeiro de 2017

E já lá vão 30 anos...


Não nasci numa família de Benfiquistas, é um facto... O meu avô era adepto do Sporting e bem que me tentou levar por esses caminhos, mas apenas conseguiu levar a minha irmã. O meu pai era simpatizante do Benfica e da Académica! E os seus irmãos são do sporting. Já a minha mãe, é da Académica. Este foi um daqueles casos que o Benfiquismo passou de filho para pai: sou do Benfica desde que me lembro, nunca disse que gostava de outro clube que fosse nem na brincadeira, e enquanto não me tornei sócio não descansei: aconteceu em 1987, e o meu pai fez-se sócio no mesmo dia que eu! Mas não é sobre isso que vos vou falar...
Foi nesse longínquo ano de 1987 que fui assistir pela primeira vez a um jogo no Estádio da Luz. Era um jogo da Taça de Portugal e o Benfica defrontava o Cartaxo num jogo de desempate. Podem achar estranho ter sido um jogo de desempate com um Cartaxo, mas é verdade. No entanto o Benfica não deixou os seus créditos por mãos alheias e resolveu a eliminatória com um 7-0 caseiro. De pouco, para não dizer de nada, me lembro do jogo... Só mesmo do adversário e do resultado! Sei que foi a 21 de Janeiro porque consultei o almanaque, e apesar de tudo, lembro-me do Carlos Manuel, do Shéu, do Veloso e do Silvino. De golos não me lembro de nenhum... O que me lembro é que fui á loja do Benfica, comprei um equipamento lindo, camisola, calções e meias, e o emblema que era de bordar, comprado à parte e se bordava em casa! Cheguei a casa vestido à Benfica, mas não totalmente. Faltava bordar o emblema.... Enquanto não mo bordaram não descansei, e semanalmente o meu pai sabia a pergunta que lhe ia fazer: "Oh Pai, quando é que lá volto?"

E hoje que se completam 30 anos sobre esse jogo, continua a ser das coisas que mais gosto de fazer. Ir ao estádio ver o Meu Benfica. Isto ninguém me poderá tirar. Nem isso nem o prazer que isso me dá... E ninguém imagina o que custa, 30 anos depois, estar tão ausente. Seja do estádio, seja do pavilhão.

Fiquem com os jogadores do Benfica, e marcadores nesse jogo do eterno dia 21 de Janeiro de 1987


segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

Istanbul: Antes e depois



Outubro de 2015. A situação na Turquia já não é a mais estável, e o Benfica vai lá jogar. Dúvidas em ir ao jogo nunca houve, e os principais problemas têm sido na capital, Ankara. Em Istanbul, cidade que chamo sempre de Constantinopla (e assim o farei ao longo deste texto), os problemas parecem localizados perto da Praça Taksim, um local longe de onde vamos ficar.

O ponto de partida é dado na Luz. Em frente ao pilar onde José Águas segura a Taça dos Clubes Campeões Europeus com um sorriso que não é o dele apenas, mas o de todos os Benfiquistas de hoje e de sempre. Daí seguimos para o aeroporto, onde se juntou o PT e pouco depois levantámos voo rumo a Munique, onde faríamos escala.

Munique é o aeroporto europeu onde mais gosto de fazer escalas, caso sejam superiores ao tempo de ir de uma porta de embarque a outra. A praça central é fantástica com bom ambiente, boa cerveja e boas batatas. Assim foi e assim que aterrámos dirigimo-nos para a Praça em questão, para uma roulotte em forma de avioneta, que já conhecíamos doutras tours, mais precisamente. Após uma bela caneca de cerveja, voltámos a entrar no hall das partidas, e passado o controle de documentação dirigimo-nos a uma papelaria onde acabei por adquirir duas belas revistas.

Partimos então pouco depois para Constantinopla, onde aterrados já de noite, nos esperava o transfer. Este funcionava com uma logística interessante que acarretava 3 pessoas: uma ostentava a placa com o nome, e à qual nos dirigimos. Após nos identificarmos, outra pessoa encaminhava-nos para a carrinha, onde outra pessoa nos aguardava para nos levar até ao hotel. E assim se criam postos de trabalho.

Chegados ao hotel, situado em Sultanahmet com vista para a Mesquita Azul e para a Hagia Sophia. Melhor localização era impossível. Após fazer o check-in, dirigimo-nos para um bar que ficava a poucos metros do hotel e onde nos aguardavam alguns companheiros de luta, oriundos de outros países. O andamento já era grande, com muita cerveja e shisha, mas depressa apanhámos o ritmo. Até a Ser Benfiquista tocou naquele beco de Sultanahmet.

Saídos do bar já de madrugada, fomos até à Praça Sultanahmet tirar uma foto de grupo, para depois recolhermos ao hotel porque o dia seguinte prometia e envolvia não dormir antes do regresso a Lisboa.


Assim que foi fisicamente possível, levantámo-nos (reparem como se diferencia o acordar do levantar. Acordar em Istanbul é muito fácil, tal a quantidade de chamamentos para as Mesquitas) e tomado o pequeno almoço fomos visitar a Cisterna Basílica, a cisterna mais antiga que ainda resiste no subsolo da cidade. Saídos da cisterna, e após decidirmos não visitar a Hagia Sophia, não só pelo preço sobretudo (no meu caso) pelas filas que nos fariam perder muito tempo na visita à cidade, fomos até à Mesquita Azul, a maior do mundo fora de Meca. Da Hagia Sophia até à Mesquita Azul não dista mais de uma enorme e bela Praça com dois Obeliscos e um Coreto, onde outrora se situava o hipódromo de Constantinopla. 

Cisterna Basílica

Praça Sultanahmet

Chegados à entrada para o complexo da Mesquita, dirigimo-nos para o lado direito, onde se situava a entrada dos visitantes, e uma pequena fila de não mais de 5 minutos estava à nossa espera. À entrada descalçamo-nos, e assim que entrámos foi impossível não ficar esmagado com a grandiosidade da Mesquita. Estupenda! Brutal! Indescritível! Era de facto um local soberbo que correspondia a todas as descrições que me haviam dado anteriormente.


 

Muitas fotos depois saímos para os jardins da Praça, onde as fotos continuaram, e daí seguimos em direção a Norte, Era a altura de ir para o Grande Bazar. Pelo meio apenas uma pequena paragem para levantar dinheiro (sim, acreditem que é relevante).

Entrada GrandeBazar

Após uma caminhada de sensivelmente mil metros, chegámos então ao Grande Bazar. Um mundo de lojas onde se encontra de tudo e onde falam de tudo. Entre a nossa malta, comprámos ténis, cachecóis e casacos, perante vendedores que falam todas as línguas possíveis e imaginárias, e com os quais compensa, e bem, regatear o preço. Da parte mais a baixa do Bazar, continuámos a descer em direção ao Bósforo, passando pelo Mercado de Especiarias, onde o JP achava que tinha tido um desconto amigo, até andar mais uns metros e ver algo igual à sua compra que ia ficando cada vez mais barato. Acontece a todos...

Chegámos então junto à ponte de Galata onde decorriam algumas manifestações políticas, da qual nos aproveitámos para nos apropriarmos de algumas bandeiras da Turquia, tirarmos algumas fotos junto ao Bósforo e, finalmente, almoçar. O almoço decorreu tranquilamente, embora tardio, e após o mesmo fomos deixar os pertences ao hotel, buscar o material e os bilhetes e eis que alguém se lembrou que podíamos seguir a pé até ao Meeting Point de adeptos do Benfica porque, e passo a citar, "é já ali à frente!". Quem nos disse isso era a pessoa que melhor conhecia a cidade e por isso  acreditámos!

O meeting point estava marcado para uma praça em frente ao estádio do Besiktas, que se encontrava então em remodelação, onde nos aguardariam uns autocarros para nos levar até ao estádio. E para lá chegar, tivemos de fazer uma caminhada de 6 km (É já ali...), não sem abdicar de paragens para uma bela foto à Benfica após a travessia da Ponte de Galata.

Benfica pelo mundo
Chegados em frente ao Estádio do Besiktas ainda muito cedo, nada se passava. Havia apenas um café, com esplanada, o qual não tinha licença para vender bebidas alcoólicas. Ficámos então a chá e café, enquanto não se dava o tiro de partida rumo ao Turk Telekom Arena, o qual sucedeu já ao final da tarde.

Foram pouco mais de 13km de autocarro até ao lado Norte da cidade, no meio dum trânsito absolutamente infernal, mas com a polícia turca a abrir caminho, fazendo um trabalho extremamente eficiente, e deixando os autocarros numa zona própria e impenetrável já com acesso directo à porta da bancada. Outros dos nossos seguiam de metro, tendo tido viagem igualmente tranquila.

A entrada de material decorreu da melhor forma, e à chegada ao cimo do estádio, onde se situava o nosso sector, ficou a imagem dum estádio grandioso que infelizmente não encheu não nos permitindo ter a noção do que é o verdadeiro ambiente turco. O Benfica entrou a ganhar, literalmente, no jogo com uma obra de Nico Gaitán, mas viria a perder o jogo por 2-1, sem no entanto hipotecar as hipóteses de apuramento como se viria a ver mais à frente. Após o final do jogo, os mesmo autocarros levaram-nos até ao Estádio do Besiktas onde nos aguardava uma autêntica coluna de táxis para nos levar. Obviamente ninguem queria ir de taxi pois havia um tramway que nos levava até à porta do hotel, e fomos todos até à estação que se encontrava 100 metros mais à frente. Lá chegados, o serviço de tramway já tinha encerrado, e tendo noção disso, a coluna de táxis também foi até à estação onde acabaram por ver-lhes sair a sorte grande, tal a quantidade de malta a apanhar táxi ali.



Fomos então até ao hotel deixar o material para depois irmos jantar. Aí chegou o dilema, estava tudo fechado exceto o MacDonalds. No Mac não tinham comida para todos (sim, isto foi-nos dito num MacDonalds...) o que nos obrigou a ir procurar um restaurante aberto e que fechasse tarde para podermos estar ocupados até às 2 da manhã, hora a que o nosso transfer nos viria buscar para levar ao aeroporto. Assim dito achámos um restaurante impecável nas redondezas e onde comemos impecavelmente. Findo o jantar chegou mais uma surpresa... Quando ia a pagar reparei que não tinha o meu cartão MB. Tinha ficado na máquina onde tinha levantado dinheiro pela manhã, era a única hipótese. Foi então tempo de ligar para Portugal e resolver a situação o que se conseguiu em tempo útil: cartão cancelado. Jantar pago e regressámos então ao hotel onde já nos aguardava o Transfer. Um louco turco que a cada vez que olhava para nós e percebendo ao que tínhamos vindo, apenas dizia "Galatasaraaaaaay". 

Chegados ao aeroporto e enquanto o embarque não ocorria, eu confesso-vos que aterrei. As imagens não mentem... E não fui o único!


Embarcámos depois rumo a Frankfurt, onde conhecemos a equipa sub 19 feminina da Suécia, que assim que soube que éramos do Benfica reagiu com um rápido: "Lindelof". Pouco depois embarcámos e rumámos a Portugal. Estava feita mais uma Tour. E tinha valido muito a pena! Tanto que a vontade de voltar a Constantinopla era enorme!


Novembro 2016. O Benfica volta a Constantinopla. Desde a última visita, 13 meses antes, já houve inúmeros atentados na cidade, um deles pouco tempo depois da nossa ida, junto aos obeliscos. Já houve inclusive uma tentativa falhada de golpe de estado, já depois de termos marcado viagem. O medo não vencerá. Nunca poderá vencer. Por isso vamos a uma das mais fabulosas cidades que já vi, novamente, e com mais tempo para visitar. Pensava eu...

Atentado na Praça Sultanahmet em Janeiro 2016

Assim que foi o sorteio, resolvi que ia regressar à Cidade de Constantin. Apesar de toda a turbulência existente, valia a pena lá voltar, e as coisas até estavam mais baratas. Para mais, era possível ir de madrugada, chegando lá ao fim da tarde, e só regressar 48 horas depois o que nos dava um hiato temporal para visitar muito mais coisas. Estava decidido! 

E assim foi que na madrugada de 22 de novembro nos juntámos, pelas 4 da manhã, no aeroporto da Portela. Vinha aí mais uma viagem que a greve da Lufthansa não tinha afetado. Felizmente!

Da viagem até território turco, desta vez, pouco havia a destacar e lá chegados fomos diretos ao mesmo hotel, com transfer novamente, onde fomos efusivamente saudados pelo rececionista que se recordava de nós. Após nos instalarmos, saímos para jantar, tendo ido a um local que não conhecia, para sul da Praça Sultanahmet, numa rua extremamente turística, tendo optado por pratos tipicamente turcos. Não saímos defraudados, nem com o preço nem com a comida. Tudo impecável, e com a possibilidade de apenas atravessar a estrada, após a refeição, para vermos os jogos da Champions que decorriam nessa noite, e a poder consumir álcool; e assim começou o consumo de cerveja, shisha e, obviamente, de Raki, enquanto o nosso rival era eliminado da Champions. Como referi, o restaurante encontrava-se numa zona turística. No entanto as ruas estavam às moscas. Dizia-nos o senhor do restaurante que tem sido assim nos últimos meses. Desde que os atentados começaram em Constantinopla que o turismo em massa desapareceu e as zonas turísticas apenas contam com os locais para subsistir. A situação começa efetivamente a ficar complicada. Após o jantar e os jogos de Champions, acabámos por recolher ao hotel, vencidos pelo cansaço. No dia seguinte, a jornada seria longa.



Logo pela manhã, e com o sol a brilhar, subimos para o pequeno almoço e saímos logo de seguida. Do bar do hotel ficava uma imagem marcante: a Praça Sultanahmet estava vazia em comparação com ano anterior. O turismo em massa era, de facto, inexistente. A Hagia Sophia não tinha qualquer fila. Esta cidade fabulosa não merece o fardo pelo qual está a passar. Não merece mesmo. 


Sendo eu o único interessado em ir à Hagia Sophia, acabámos por não visitar o complexo para pena minha, e descemos então diretamente para a Ponte Galata. Aí já tinha algo em mente: ir fazer um cruzeiro de duas horas no Bósforo. Diz quem sabe que valia a pena...


Lá chegados, ainda tivemos de esperar perto de uma hora pela partida, mas uma coisa é certa: valeu a pena a espera. A viagem fez-se ao longo de duas horas, vistas fantásticas da cidade desde o mar, o lado europeu, o lado asiático, o Vodafone Arena, que iriamos visitar mais tarde, e a eterna Mayden's Tower ali tão perto. Foram imagens que ficaram mesmo gravadas na minha memória a ponto de, quando voltar à cidade (e voltarei, certamente) farei o cruzeiro não de 2, mas de 4 horas que vai até ao Mar Negro.

Ao longe o Vodafone Arena 




Constantinopla - Lado asiático

Maiden's Tower

Findo o Cruzeiro, e aproximando-se a hora de almoço, íamos então até ao hotel ter com os nossos para comer qualquer coisa e depois visitar mais algumas coisas. Para a manhã do dia seguinte tinha deixado a ida ao Grande Bazar e ao verdadeiro Banho Turco. Estava então no caminho para o hotel, perto do Mercado de Especiarias quando recebo a mensagem bomba enviada pela Lufthansa: os meus voos de regresso tinham sido cancelados devido à greve. Paralisei e em passo alargado regressei ao hotel. O stress era enorme, e toda a programação para o resto da estadia estava estragada. No hotel entrei em contacto com a família e com amigos dados a estas coisas, os quais me tranquilizaram. Passado uma hora dizem-me que apesar da ida em vão ao aeroporto da Portela (pois o problema tinha de ser resolvido em Istanbul), que vou poder voltar num voo direto, da Turkish mas que o mesmo partiria de manhã (Lá se ia o grande bazar e o banho turco) e para ir almoçar.


Assim fomos, para um restaurante perto e com cerveja. Após o almoço fomos então ao grande bazar. Polos Fred Perry, ténis New Balance. Foi este o saldo (não o meu) do nosso pessoal. Um clássico das idas a Constantinopla. Entretanto ia consultando o mail constantemente, e já no regresso ao hotel, recebi os etickets para o regresso no dia seguinte. Aqui sim respirei de alívio. Mas não por muito tempo...

Aproximava-se a hora do jogo, e novamente a ansiedade voltava a subir, agora pelos bons motivos. Distribuídos os bilhetes e o material para levarmos para o estádio, fomos à procura dum táxi para nos levar à Praça Taksim. Erro crasso. Não tendo chamado o táxi do hotel acabamos por ser vítimas do condutor que acabou por amealhar uma maquia que nem nos seus melhores dias sonharia. Mas é com os erros que aprendemos. Chegados à Praça Taskim, situada a 500 metros do estádio, encontrámos os mesmos autocarros amarelos da época anterior, para levarem os adeptos para o estádio. No entanto, face ao número reduzido, as autoridades optaram por nos conduzir a pé num trajeto que decorreu com a maior das tranquilidades.


À entrada do estádio os primeiros problemas: moedas não podiam entrar, enormes reticências relativamente ao material e discussão acesa entre os adeptos portugueses e as autoridades turcas que não falavam inglês. A questão do material acabou por se resolver, a das moedas não.

Acedi então à bancada. O estádio, novo, dava pica. À medida que se ia compondo de público, o ambiente ia animando. O jogo começa com um minuto de silêncio dos locais para marcarem a diferença, momento aproveitado por todos nós para deixarmos a nossa marca. No fim desses 60 segundos, um barulho que até hoje ficou na minha cabeça. Que inferno. Que ambiente brutal. Quem o viu, ouviu e sentiu não vai esquecer nunca. Mas o Benfica entrou bem e ao intervalo ia vencendo por 0-3, o que baixou em muito o apoio que vinha das bancadas. Apesar do fervor e do fanatismo, lá como cá, nas horas más eles também vão abaixo. Mas a última meia hora a equipa turca regressou das cinzas e com ela o inferno do Vodafone Arena, com o empate conseguido em cima da hora. Em vão porque acabaram por ser eliminados na última jornada...


 


No final do jogo, apenas após alguns minutos, fomos encaminhados para fora do estádio e conduzidos pela polícia para a Praça Taksim. Escoltados por pouco mais de meia dúzia de agentes, e com alguns adeptos do Besiktas na nossa peugada, houve alguns momentos de ansiedade. O transito esse, continuava caótico. Já perto da Praça Taskim enfiámo-nos num Táxi e a primeira pergunta após informarmos o destino, foi perguntar quanto seria a viagem. O taxista de pronto disse que seria o valor do taxímetro. Ótimo!

Chegados ao hotel, fomos então jantar perto do mesmo local onde havíamos almoçado, num restaurante com um empregado muito pouco ortodoxo e onde os gatos tentavam a todo o custo entrar. Após o jantar recolhemos de pronto ao hotel. O regresso ia ser na manhã seguinte e havia que descansar.

Na manhã seguinte, saí do quarto assim que abriu o pequeno almoço e dirigi-me ao grande bazar para comprar um espremedor de romã prometido (recomendo a todos, há poucos sumos melhores...), regressado ao hotel apanhámos o transfer rumo ao aeroporto onde nos aguardava um confortável voo direto, da Turkish, rumo a Lisboa. Aterrado em Lisboa, aconteceu o óbvio: pegar no carro e rumar à Luz. Não há nada como ir a casa e ver amigos. Amigos à séria!



Viva o Benfica!

Janeiro de 2017. Desde que fomos à Turquia já houve o assassinato do embaixador Russo, e um ataque junto ao Vodafone Arena. A foto à esquerda é minha. A foto da direita é do atentado. O local do carro que explode, é o mesmo onde me encontrava quando tirei a foto ao estádio. Voltarei, no entanto, quando possível, a Constantinopla. Se o medo vencer, eles também terão vencido. E tanto este povo, repleto de gente boa, como esta fabulosa cidade, não merecem o fardo por que estão a passar.