quarta-feira, 16 de setembro de 2020

Barcelona vs Benfica (2006): um mar imenso de vermelho e branco



Manchester, Villareal, Lille, Liverpool com presença no primeiro e no quarto destinos... E agora seguia-se Barcelona. Logo após a odisseia de Liverpool e com uma enorme problemática no que dizia respeito aos bilhetes, a qual, a um preço elevadíssimo, acabou por se resolver.

No fim de semana anterior ao jogo, o Benfica vai ao restelo vencer por 1-2, mas nem todas as notícias são boas. Nuno Gomes, que estava em grande forma nessa época e era o goleador da equipa, é vítima duma bárbara entrada de Sandro Gaúcho e fica KO até final da época. Primeiro contratempo.
Com o jogo a realizar-se a 5 de abril de 2006, arrancámos em duas carrinhas na noite de dia 4, fazendo a maior parte da viagem de noite. Já na manhã de dia 5, em pleno território espanhol, pudemos comprovar a imensa maré vermelha que se dirigia para Barcelona. Centenas e centenas de carros nas estradas de “nuestros hermanos”. O 0-0 da Luz deixava algumas esperanças e a eliminatória em aberto. O pensamento é positivo, mesmo sabendo que do outro lado estão Deco, Eto’o e sobretudo Ronaldinho.
Chegamos a Barcelona e vamos fazer o check-in num apartamento perto das ramblas, onde viríamos a pernoitar. Segue-se, um passeio pelas ramblas e percebemos que os blaugrana não estão muito otimistas. Não atravessam uma fase muito famosa e o otimismo, apesar de tudo não é reinante. Alimentado o estomago, fomos deixar as carrinhas perto do estádio e regressámos ao centro de Barcelona. A plaza de Catalunya estava a abarrotar de gente, e muitos, mas mesmo muitos Benfiquistas.
Perto de 3 horas antes do início do jogo arrancámos de metro para o estádio. Eu e o M., brincando com os catalães, imitávamos os espanhóis com o nosso maravilhoso castelhano “es una lastima!”, imitando a preocupação deles. Saídos do metro, dirigimo-nos até ao estádio e à porta de acesso. Entrámos e subimos intermináveis lanços de escada até chegar ao topo do mundo, perdão, do estádio. O facto de sermos dos primeiros, entre vários milhares, a chegar, permitiu-nos ficar numa zona central e não ser destacados para o topo onde se conseguia ver ainda pior o jogo de subbuteo que ia decorrer (sim, em camp nou, no setor visitante, os jogadores são autênticos bonecos de subbuteo).
Entretanto, enquanto o mar vermelho ia preenchendo o longo setor visitante, os adeptos da casa que ficavam no setor à nossa frente iam aparecendo, equipados de capacetes de mota, em muitos casos, o que me causou alguma estranheza. Claro que mais tarde viria a perceber.
O nosso setor encheu-se, e o jogo arrancou ficando a transbordar um mar de vermelho naquela tira que ia do centro do terreno até ao painel eletrónico situado atrás da baliza...



Nos minutos iniciais, logo aos 5 minutos, penalty para o Barcelona. O árbitro assinala uma mão em tudo idêntica à que Thiago Motta tinha feito na Luz, mas aí tinha passado em branco. Exaltei-me e comecei a dar uso ao meu maravilhoso castelhano, dirigido aos adeptos que se encontravam à minha frente “Hey! Ladrones! En Lisboa han jugado andebol!!!” (Maravilhoso andebol em vez de Balonmano!). A resposta era simples, apontavam para os fones a dizer que não me ouviam. Já outros esclareceram-me e colocaram os capacetes: era uma chuvada de coca cola e de bebidas a voar para cima deles. Afinal fazia sentido.
E mais sentido fez quando Moretto (o próprio!!) defende o penalty de Ronaldinho. Se havia quem ainda tivesse bebidas, acho que nessa altura deixou mesmo de ter. E ainda com o nosso setor em euforia, 13 minutos depois, sofremos o golo de Ronaldinho. Aí complicava, e assim se manteve até ao intervalo.
Arranca a segunda parte e o jogo vira. Sente-se o nervosismo do Barcelona, e dos seus adeptos e o Benfica vai crescendo. Até que Simão vai pela esquerda, pode marcar ou assistir e remata ao lado. Poucos minutos depois algo mais surreal, Karagounis remata de fora da área, Valdez defende com dificuldade para a frente e a bola passa entre 3 jogadores do Benfica que poderiam fazer a recarga, sobrando para um do Barcelona, isto a poucos minutos do fim, em que um empate daria a vantagem na eliminatória. Supremo Karma, no desenvolvimento desse lance, Eto’o acaba por fazer o 2-0 e fechar a eliminatória. Os catalães respiram de alívio. Eu tremo. E com o fim do jogo vacilo. O Manel regista uma foto em que se nota o meu ar triste, mesmo de costas, foto essa desaparecida em combate. A tristeza é grande no final da partida. Todos sabiam que era quase impossível, mas ficámos a centímetros de poder passar.
No final do jogo, o regresso à base perto das ramblas e finalmente tentar dormir em condições depois da viagem na noite da véspera.
No dia seguinte, aproveitámos para passear ainda um bom bocado pelas ruas de Barcelona. Deixámos as carrinhas, já completamente carregadas, num parque de estacionamento algo estreito e fomos passear pela cidade. Pouco antes de partirmos, já junto às carrinhas, um motociclo despista-se e o condutor acaba por ter um dano colateral que ficou para os que lá estiveram. Mas tudo ficou ok.
Durante a tarde lá arrancámos rumo a Lisboa, onde chegámos já no dia 7, tristes, mas a cantar os parabéns ao M.

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